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Fox-Time

Fox-Time

Voar Contigo ( Parte 2 )

20.03.20

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Tinha chegado a Dublin há pelo menos 3 horas.

Deu uma pequena volta pela cidade e acabou por fazer algumas compras, mesmo sem ter a certeza,
que ia encontrar-se de novo, com o ele.
Algo dizia-lhe que era melhor estar já preparada para tudo o que pudesse acontecer.

Estava planeado que ficasse ali no máximo dois dias e ela ia cumprir com isso. Estava com vontade de espairecer.
Marcou um almoço com o gerente da “Perfect Eyes”, almoço que foi passado principalmente a dormir, já que o homem
não se calava e ainda por cima não falava nada de especial.
No entanto, acabou por ganhar a sua confiança ao ouvi-lo falar da sua miserável vida e ele prometeu-lhe que o contrato
seria assinado pelos outros sócios no dia seguinte.

Claro, um decote bem escolhido, também, ajudava sempre.

Depois da reunião, dirigiu-se ao encantador hotel que ficava na margem do Liffey River, ao pé da Anna Livia Bridge,
uma das 16 pontes que o atravessavam.

Ao entrar no quatro, deparou-se com uma rosa vermelha em cima de um das almofadas.
Estremeceu ao vê-la. Aquilo parecia mesmo coisa dele...
Andou calmamente até ela e ao pegar-lhe, reparou no envelope que estava meio escondido debaixo da almofada.
O cheiro da rosa fez-lhe lembrar as primeiras flores que recebera dele, na ocasião, em Paris,
quando ainda trabalhavam na mesma empresa, ele tinha faltado ao jantar que lhe prometerá.
Na verdade, tinha-se tratado apenas de uma flor, uma única rosa vermelha entregue dentro de uma caixa branca
envolta por um enorme laço vermelho.
Desde então que ambos fugiam desse jantar.


“Espero-te às 21horas na entrada... juro que desta vez não falto!”

Sentou-se na cama e não conseguiu suster as lágrimas, chorou durante algum tempo.
Voltavam sempre ao início, parecia que tudo seria determinado por aquele jantar.
Pensou que o melhor era tentar acalmar-se e pensar no que deveria fazer, talvez levar aquilo na brincadeira,
um jogo a dois, mais um jantar com um homem.

Sabia que isso era impossível.
Não se queria magoar de novo.
Devia fugir?


---

Aqui estou eu de novo feita uma tonta – suspirou – que calor, humidade ! Vai chover de certeza...
Vestia um vestido preto que fazia jus aos contornos do corpo dela e evidenciava as costas descobertas.
Trazia uma echarpe prateada a combinar com as sandálias de salto alto, que se misturava com o cabelo longo
que estava solto como era costume. Estava pronta para um jantar elegante e romântico, como ele gostava.
Levara consigo a rosa vermelha.
Estava muito nervosa.
Pensou que devia estar diferente, mas os seus sentimentos, para contrariá-la, não tinham mudado desde aquela noite
em que ele a tinha deixado plantada...à espera...


Passaram 20 minutos.

Acabou por se sentar num dos sofás ao canto do hall, não sabia o que fazer, o coração ameaçava sangrar.
Naquela noite tinha-se sentido assim, exactamente as mesmas emoções, raiva, decepção...e por fim...
por fim não tinha conseguido odiá-lo...mesmo querendo...mesmo sabendo que era mais inteligente fazê-lo!

Por muito que eu sonhe, nunca nos encontraremos... tu e eu...no nosso destino! - tinha reflectido.
Tudo parecer pronto para falhar, desde o início...

As lágrimas finalmente atingiram os seus olhos e correm, quentes, pelas maças do seu rosto abaixo.
Saiu para a rua, de encontro ao rio...chapéu de chuva vermelho desviado do receptáculo ao pé da entrada do hotel.
Teimosa, continuou ali, à chuva, à espera ...
Pediu que a chuva levasse com ela a raiva e todos os sentimentos que tinha tão dentro de si !

Quem me dera poder abrir o meu coração e arrancar o teu nome do meu coração!
No entanto, tinha a certeza que assim era capaz de ser feliz apenas por umas umas horas,
já que eu iria após isso sentir um tremendo vazio dentro de si.
Tu és quem eu quero !
Porque não te disse, meu amor !
Porque te deixei ir ?
Porquê ?!
Pesadamente, sentou-se nas ripas de madeira encharcada do banco de jardim que tinha uma pequena placa
com a inscrição do nome do rio.

Existia a possibilidade de ela não ser o que ele queria, de não ser aquilo que ele procurava,
se calhar achava-a atraente, mas os sentimentos...o partilhar de um futuro...

A chuva caía, cada vez mais, com força. O dia virara inimigo frio, escuro, mensageiro do desespero.
Atirou com a rosa.
Pensava em tudo o que tinha acontecido desde que tinha ouvido pela primeira vez nome dele,
o nome que tinha mudado tudo nela, o nome que tinha entrado e que nunca quisera sair...


- Hanna... desculpa! – ao ouvir aquela voz, pensou tratar-se da imaginação dela, só podia ser, mas mesmo assim ergueu o rosto
e encarou-o, aqueles olhos escuros que a faziam esquecer tudo que a incomodava, num ápice, devolviam o seu olhar, intensamente.


- Estás muito zangada comigo, não estás? – ele ajoelhou-se e tocou-lhe suavemente no rosto. Apercebeu-se das lágrímas.
- Toma, fui lá cima buscar-te a gabardine.

- Alex? Estás tão molhado quanto eu!

- Desculpa...eu queria chegar a horas...não...não é nada disso...confesso...
Tenho medo, tive para não vir...andei por aí às voltas...mas...aqui estou...meu amor...


Sentia-se desorientada...mas não tinha qualquer dúvida que o amava...
- Não faz mal! Vieste, isso é o que importa! Abraça-me !

- Faz mal sim! Armo-me em bom...contigo nã percebo...já da outra vez abandonei-te...e depois nem consigo...

Hanna calou-o com um beijo apaixonado.
Ansiava pelo sabor da boca dele, pela proximidade do seu corpo.
Desde o dia em que ele tinha partido, que sonhava com um beijo daqueles, com ele.

- Eu nunca devia ter te deixado ir! Eu pensava que ia conseguir ficar sem ti, que ia conseguir ultrapassar isto...
Queria esquecer-te e não sentir a tua falta, mas...eu não consegui! Desculpa! Eu amo-te!


Abraçou-a com força e ela, com medo de que ele fosse desaparecer, que aquilo não fosse real, saltou-lhe par o colo,
colocando as pernas
em volta do tronco e os braços por detrás do pescoço.
- Eu também te amo e nunca vou conseguir ficar sem ti!
Mesmo que não esteja destinado a acontecer... eu pertenço-te, porque me apaixonei por ti, pelo teu olhar, pelo teu sorriso,
pelo teu humor... até pelo teu mau feitio!


Beijaram-se com sofreguidão, os lábios pressionados, línguas numa dança de entrelaços frenéticos.
Ao seu colo, vestido erguido, as cuequinhas a única barreira entre eles...e rápidamente deu conta de como ele a desejava
e não tardou a soltar um sorriso, olhando-o algo envergonada.

- Que foi? - perguntou-lhe - Disse ou fiz algo de errado...?

- Não amor - sorriu-lhe - já não basta a chuva, tens de fazer-me isto!

- Ah...pois...realmente não deviamos estar assim...aqui na via pública...é melhor...

Ela ria-se à gargalhada. - Oh homem...nada disso! O teu beijo...o teu...coiso...fiquei toda molhada...

- És mesmo terrível...Já não basta seres toda boa...- Ria-se com ela, fazendo voz de labrego.

Ficaram ali, durante algum tempo, debaixo do chapéu de chuva de alguém, que provalmente os chamava de ladrões sem nível,
à chuva, como que a festejar, fazendo milhares de promessas de amor e tudo mais, parvoiçes largadas ao vento por apaixonados.
Podia não ser o destino, podia até estar destinado, mas por agora, iam aproveitar.
Iam viver aquele amor que sentiam um pelo outro e que naquele momento, pensavam, jamais, acabaria.

A noite, que se advinhava, prometia ser chuvosa.
Ambos sabiam o que ia acontecer, o que queriam que acontecesse.

- Bem, vamos andando? Começa a faze frio...ainda ficas a pingar dessa tua penca linda! - Levantou-se e estendeu-lhe a mão.

- Ok...mas espera...vamos fazer uma coisa...sempre sonhei com isto...
Tira os sapatos...anda!

- Estás passada miuda, já chove a potes!

Mas de nada servia ele protestar.
Ela já se encontrava descalça e a gabardine jazia no banco do jardim.
Tirou os sapatos, e com uma mão a segurar no chapéu, agarrou-a pela cintura.
Ela era um anjo endiabrado, uma menina-mulher por descobrir...e...só lhe apetecia...beijar-lhe...

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