![places-to-go-for-anniversary-catch-the-sunset-at-a]()
Perto da lagoa, os primeiros tons amarelos e alaranjados começavam a cobrir as árvores que mais
pareciam lugares esquecidos e despejados dos seus inquilinos veraneantes.
Àquela hora, o ar vindo do mar tornara-se cortante e o sua envolvência deixava pele de galinha
nos que encontrava.
O sol despedia-se no horizonte calmo, sobre um espelho perfeito,
com apenas pequeninas ondas a remexerem a superfície de cor quase negra alaranjada.
A Primavera reinava e a fragrância dela embriagava serenamente tudo que rodeava.
Ninguém, conseguia ouvir a melodia que pairava ali por perto,
única e reservada, só para eles, os dois.
Quase escondidos, olhando a imensidão,
aninhados bem juntos,
uma manta de flanela aos quadrados por cima dos ombros,
ali permaneciam,
quietos,
silenciosos.
Tinham vindo para esquecer o mundo, os outros, eles mesmos.
Por debaixo daquele cobertor, um só calor unia-os.
Um silêncio tranquilo, que emana da natureza que vive, tinha-se instalado.
Nenhum dos dois achava necessário perturba-lo com conversa fiada,
no havia razão para encher o ar de palavras.
Por vezes, palavras a mais estragam os momentos mais preciosos.
Ouviu-a suspirar.
Puxou-a de encontro a si.
Abraçou com força.
Queria que ela sentisse que o sonho era verdadeiro, que era possível.
Olhos de chocolate pensou, quando ela o olhou,
a mesma curiosidade patente,
a mesma paixão inquisidora,
a mesma necessidade de ouvi-lo dizer que lhe ocupava os pensamentos
dia após dia,
preenchendo o vazio,
noite atrás de noite.
Carinhosamente, tocou-lhe no rosto, deixando os lábios entre os dedos.
Chegou-se a ela - "Porque me olhas assim, amor?"
"Tu sabes porquê, não sabes..?"
Beijou-a com paixão.
Beijou-a com afecto.
Sabia que não havia nada que podia dizer.
Nada.
Nenhuma palavra, nenhum poema.
podia explicar ou descrever o que sentia por ela...naquele momento.
Esperava que um mero beijo sentido fosse suficiente para demonstrar
o porquê de ás vezes...ser melhor...não dizer nada.
Até porque,
ás vezes,
fica-se mesmo...sem palavras.