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Fox-Time

Fox-Time

O melhor Presente

03.11.21

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Era uma daquelas tardes em que o sol e a lua
combinam encontrar-se no mesmo céu.
A leve brisa trazia consigo cantigas de ninhos
escondidos e a cada investida preguiçosa,
as ondas faziam chegar o seu cheiro salgado,
molhado e pegajoso.

Era a primeira vez que se encontravam ali.
Não que o tivessem planeado,não naquela tarde,
até porque há muito que sabiam que o tempo lhes fugia,sempre.
Não, aquela tarde tranquila
acontecera com uma naturalidade espontânea,
momento que o próprio tempo lhes devia e ao qual
emprestara um gosto diferente,
como se de um o fim de ciclo se tratasse
e o início de outro se adivinhasse.

Um longo abraço e beijo deram lugar a dedos inter laçados
enquanto se sentavam num pequeno muro arruinado,
órfão naquela praia deserta.

“Isto aqui é mesmo bonito”- disse ele,
"nunca pensei, ainda bem que me trouxeste aqui.”

Ela soltou uma gargalhada -“É...engraçado...normalmente és sempre tu a decidir.”
Com isto piscou-lhe o olho, rui-se novamente, levantou-se
e deu uns
passos em frente enterrando os saltos na areia molhada que
rapidamente a obrigou a dobrar para cima as calças da ganga.

Era a vez dele de se rir -“És sempre a mesma coisa!
Tens cá uma pontaria!
Não me lembro de mais ninguém que anda na praia de saltos altos!”

“E não são estas coisas que me fazem ser especial?”- retocou ela.
“Se assim não fosse, seria...normal!”

Adorava aquele sorrisinho de marota atrevida,
adorava como as suas faces acaloravam e a denunciavam
quando lhe olhava intensamente nos olhos
deixando que ela adivinhasse o seu pensamento...e desejo.

“Então vamos combinar uma coisa?”- perguntou, animado.

“O quê?”- disse, curiosa.

“Quando eu conseguir alcançar a lua vou roubá-la
e dar te de presente, para que à noite, quando estiveres
longe de mim possas atar-lhe um cordel e deixá-la subir ao
céu, para eu puder ver e saber, que pensas em mim.”

Ela sorriu com a ideia tola e infantil dele e disse,
tranquila -“Mas se tu roubares a lua só para mim,
o que farão os outros casais, os outros apaixonados
e todos aqueles que a acarinham?
Achas justo ficarem sem o luar?
Umm...não me parece que aceitava essa prenda...”

Ele olhou-a durante algum tempo.
Tinha ficado a contemplar o horizonte alaranjado,
os cabelos a ondularem levemente ao sabor da brisa brincalhona.
”Então, não queres a lua huh? Não entendo.
Não consigo imaginar um outro presente tão fantástico,
precioso e romântico como esse.”

“Eu sei de um”- afirmou ela, categórica.
Ӄ certo que pode dar te ainda mais trabalho do que
o teu presente lunar, mas olha, para mim é tudo aquilo
que acabas de dizer...e mais!”

Ficou verdadeiramente intrigado -“Ok...posso saber qual é?”

Virou-se,chegou-se a ele e pegou-lhe nas mãos.
“Tu.
Basta que tu me ames.
Basta que tu me deixes amar-te.

Basta-me.”

Não pode deixar de sorrir.
Não pode deixar de sentir os olhos humedecerem-se.
Disfarçou.
"Tu não estás bem, malditos Mojitos !”


“Eu sei...estou apaixonada”- disse, encerrando o assunto,
beijando-o de forma perfeita,
dizendo-lhe -“eu amo te”.

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