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Fox-Time

Fox-Time

Magiamor

03.03.20

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A décima primeira badalada abriu-lhe os olhos.

Permanecia deitado.
Imóvel.
Agora, só imagens dela percorriam-lhe o pensamento.
Era o fim.
Era mesmo o fim.
Não escaparia àquela bala bem alojada que no entanto, falhara o alvo.
Começava a respirar com dificuldade.
Já não faltava muito.
Esboçou um sorriso ao lembrar-se de certas conversas, ao lembrar-se dela.

“Tenho estado a pensar.”

“Sobre o quê ?” tinha lhe perguntado.

“Bem...sobre tantas coisas que temos falado...tu sabes...a vida...aquilo do amor... e tudo mais.
Achas que nós também temos hipótese...de um dia...o encontrarmos...de ser felizes ?”


Na verdade ele não soubera como responder.
Não tinha a resposta.

Se calhar tinha medo da resposta.
Sendo o romântico que era, preferiu puxa-la para ele e envolve-la num forte abraço, encostando os lábios à sua testa.

“Olha, no que me diz respeito...não sei, mas, tu és uma mulher muito especial.
Um tipo teria de ser muito estúpido para não se apaixonar por ti...”


“Ummm... pois...e tu és o amigo mais especial... que alguém, alguma vez, podia desejar ter...”
E com um enorme sorriso, ela, tinha lhe devolvido o abraço.

Já não conseguia rir.
A dor tornara-se insuportável.
O tempo fugia-lhe.
Tal como lhes tinha fugido.
O raciocínio desagregava-se em nuvens cada vez mais densas mas estranhamente leves.
Contudo, a imagem dela, depois de terem chegado ao apartamento dela,
naquela primeira noite, após uma saída com amigos...tomava conta dele.
“Mereceu a pena...o tempo que me dedicaste ?
Mesmo que eu seja...o tipo mais estúpido que há ?
Mesmo que eu não te tenha dito...como sempre foste especial ?
Mesmo que eu não tenha feito de tudo para ficar contigo ?"
O retrato dela em cima da secretária...olhava-o.
A sala sustinha a respiração.


Acabara-se o tempo.

Ísis, testemunha petrificada,
relegada para uma prateleira de artefactos e mármores de figuras imortais,
na casa dela,
podia ter lhe contado;

como ao último sopro,
os olhos dele iluminaram-se, espelhos de plena alegria,
ao escutarem palavras trazidas por uma aragem familiar;


“Sim...mereceu...porque foste tu...apesar de tudo...que me fizeste feliz.”

Mas, Ísis também sabia que não era preciso contar.

Por vezes acontecia - magia.

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