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Fox-Time

Fox-Time

Infusão Acetinada

02.09.21

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Entre a chávena de chá gelado e a provocação do silêncio ardente,
a vontade cala-se como poesia rasurada,
que não precisa de ser passada a limpo.

Na língua e na pele tecem-se enredos de brisas inquietas e estrelas cadentes
que transportam em si o brilho do vazio incompreensível,
de galáxias por descobrir.

Como é sedutor o cetim que a acaricia,
num acto perfeito de aconchego sublime.
Fá-la viajar,
adentro da menina-mulher,
seus pensamentos audazes repletos de quereres famintos,
agora, momentaneamente tímidos.

Um suspiro,
profundo,
é sentinela astuto.

Um olhar,
cintilante,
alcança-o de soslaio.

Um sorriso,
maroto,
coloca a língua entre dentes.

A menta fria queima, o chá faz sede.

É fácil adivinhar o suicídio das alças fininhas
e o catapultar do tecido prazeroso,
previsivelmente húmido,
deixando-a,
toda,
à sua mercê.

“Que calor...Puxa! Queres mais amor?”

“Sim, pode ser...e...com gelo.”

De babydoll comprido,
ela faz-se acompanhar da brisa nocturna,
parceira sagaz delas no mundo dos homens,
onde cabelos longos a esvoaçar instigam paixões,
e pernas torneadas a nu caçam corações viris.

As pedras de gelo fazem eco no inox.

“Porra – está calor, mesmo (!)”

Mas, atirar com o lençol para diante,
completamente,
não é opção,
Não ainda.
Seria o deitar da toalha ao chão,
o reconhece de que não consegue evitá-lo,
desejo teimoso,
instinto poderoso.

Sorri...
Inventara, para o amanhã,
a letra daquela noite.

Passos descalços abeiram-se que nem felino.
As pedras de gelo sufocadas em líquidos infusos tilintam nervosamente,
cientes das garras retraídas com doçura,
que lançarão o ataque tão iminente.
No quarto consumido por velas trigémeas encarnadas,
seres fantasmagóricos dançam, erráticamente, em redor.
E nele, tudo respira um aroma de calma e tranquilidade.

Aguarda...
...a hora da tempestade.

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