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Inês deitou um olhar ao espelho, mais uma vez, tentando imaginar se era a mulher que queria que ele, conhecesse.
O vestido azul petróleo de racha alta combinava perfeitamente com seus sapatos de salto alto invulgares.
Estava elegante, sexy e...chique.
Respirou fundo e seguiu para o café onde haviam combinado encontrar-se.
À medida que o tempo passava, sentia uma ânsia crescente.
Teria feito bem em ir àquele encontro?
E se encontrasse algum conhecido? O que faria?
Estaria ela a fazer a coisa certa ao ceder a um impulso?
Os pensamentos faziam-na ficar ainda mais nervosa.
Fazia tempo que queria, demais até, encontrar-se com ele.
Quase dava para sentir-se diva, maravilhosa... mas, ainda assim, dúvidas atacavam-na.
Na verdade, ele nem sabia se ela magra ou gorda, muito aprumada ou mais para o desmazelado,
ou se tinha celulite ou se ponha muita maquilhagem ou se tinha um peito ou ancas...
Meu Deus! Pára com isso! - ela tremia.
Entrou, sentou-se numa espécie de puf com decoração oriental ao canto da sala e decidiu pedir um sumo natural.
Sorriu ao lembrar-se da reacção dele quando tinha dito que era vegetariana, só para o provocar.
O estômago estava revirado de emoção e o suster da respiração contribuia para a voluptuosidade dos seus seios.
Bem, pelo menos o décor combina comigo - suspirou, olhando o enorme candelabro cristalino que pendia do tecto.
Ela sabia que para ele, o momento também era deveras aguardado, no entanto,
a ideia que tal poderia não passar de um mero encontro casual, romântico, erótico,
deixava-a intranquila e sentimentos para os quais ela não tinha nenhuma explicação tomavam conta dela.
Estaria a arriscar o mundo seguro, imperfeito para mas ainda assim conhecido, por um momento fúlgido,
por uma fuga momentânea do quotidiano banal e pesado?
Apenas queria ter, queria conhecer...um momento de prazer puro partilhado,
de olhar nos olhos dele e sentir uma paixão desigual...sentir a loucura invadi-la.
Temia e ansiava o momento.
Coisa de adolescente!
Que mulher idiota!
Olhou para o relógio...outra vez...
Ah! Ele não vem...
Porque viria?
Que coisa mais louca!
Como pode alguém desejar alguém que não conhece, não verdadeiramente?
Queria fugir.
Fugir do beijo que lhe queria roubar!
Sim, é pagar o sumo e desaparecer !
No entanto, o desejo de o ver era mais forte e ela optou por ficar... só mais um pouco...
Por fim, viu-o entrar, procurá-la...e caminhar, sorridente, até ela - ”Boa noite princesa"
Ficou parada, sem saber o que fazer.
Sorriu e disse - “ Olá...” - nervosamente, como se um fio de voz escorresse da garganta.
Convidou-o a sentar-se.
“Finalmente, vou poder beijar-te...”
Bastou o instante, o olhar que ele lhe lançou, um malandro nato...mas...com classe, pensou.
Encarou-o, tentando parecer algo chocada e surpreendida...
“Ai é? Olha que...aqui não...” - mas não consegui conter o seu próprio olhar rasgado de contentamento.
“Estás linda! És ainda mais gira do que pensava.”
Ela baixou os olhos. Ele também não estava nada mal...aliás tal e qual como esperava.
“Obrigada...” - gaguejou.
O sumo acabou e ele pediu a conta.
“ Vamos mesmo fazer isto...não vamos Inês...tens a certeza?”
“Tenho...já falamos sobre isto...quero...”
Partiram em carros separados.
Seria melhor assim. Não queria que outros soubessem, não para já. Este momento era só deles.
Tinha receio do que estava prestes a fazer, mas como lidar com o desejo que sentia...e os sonhos ?
Estava decidida, sabia que o queria.
Ele fechou a porta e de imediato beijou-a, as mãos escorregando pelo vestido abaixo,
erguendo-a contra ele e ela nada pode senão beija-lo com o mesmo desejo,
quase arrancando os botões da camisa dele, cobrindo cada milímetro do corpo dele.
A excitação emanava do seu corpo, da boca, da língua...
Ela pode sentir o volume nas calças dele enquanto ele lhe tirava o vestido,
enquanto a beijava e passava as mãos nas costas e nos seios cheios e ardentes.
Nada importava naquele instante a não ser a partilha do desejo que nutriam, um pelo outro.
Então, fez deslizar o fecho da calça dele, tocou-lhe e logo quis-o dentro dela.
Vestia uns boxers pretos com listas brancas laterais, apertado, que delineava o sexo viril.
“ Sou toda tua! Mostra-me como me amas...quero-te...tanto! “
Entregou-se a ele numa paixão fiel, com o coração em chamas.
Ninguém jamais fizera com que ela sentisse tanto...e tanta vontade.
Ela sabia que havia algo muito mais profundo, muito mais forte que do que apenas desejo,
ou, queria acreditar que era assim.
Encontravam-se ainda de pé, mas ele já a devorava, fazendo-a sentir-se a voar, num mundo colorido,
repleto de sons ofegantes e intensos, num mundo de prazeres aguçados, de horizonte sem barreiras,
de cumplicidade ancestral.
Queria absorver cada gota daquele momento único porque poderia não haver outros beijos,
porque mais beijos a levariam a ele de novo e ela simplesmente, não sabia, se podia, se devia!
Ele pegou nela e levou-a para a cama, conversando e rindo,
beijando-a na boca, nos mamilos erectos,
fazendo o furor crescer e invadi-la constantemente.
Agarrou-a com firmeza e penetrou-a lentamente,
com movimentos suaves enquanto se olhavam, olhos nos olhos.
Adorou vê-la sorrir daquele jeito, enquanto a invadia, cada estocada libertando um prazer audível.
Finalmente,
Ela era dele.
O mundo girava e o lugar estranho era agora um local de intimidade avassaladora.
Ela sabia que ele estava a delirar ao vê-la daquele jeito, fazia-o querer mais,
dela,
da boca dela,
do corpo dela.
Inês sucumbia às emoções...o facto dela estar ali com aquele homem que a fazia sentir-se liberta,
que a preenchia com a sua paixão cativante, sem pressas e sem receios fazia-a gemer,
fazia-a gritar de prazer enquanto abria as pernas para ele,
convidando-o a usar o seu desejo, a sua carne, que a consumia e inebriava.
A noite chegará e os faróis dos automóveis pintavam reflexos extemporâneos nas paredes,
fantasmas do mudo lá fora, mensageiros frios da realidade.
Permaneceram abraçados em silêncio.
Ainda sentia o coração acelerado, contrastando com a respiração calma dele.
O medo voltara.
Enquanto ele dormia, desaninhou-se sentou-se na cama.
Angustiada juntou o que sobrava da sua alma e foi tomar um banho.
Finalmente, tinha sido sua.
Estava feliz.
Estava triste, com o coração dilacerado.
Sabia do risco que correra, sabia que havia aquela possibilidade.
E agora? Que merda! Querem ver que me apaixonei...mesmo?
Beijou-lhe a face adormecida, um delicado beijo de despedida.
Não...não posso...não sou assim...foi só um encontro...ficam as lembranças...pronto...
De sapatos numa mão e as chaves do carro na outra, deixou o quarto, deixou o motel.
A noite permanecia escura.
As nuvens espessas escondiam o tímido luar.
O carro arrancou.
O som confundiu-se com os barulhos da avenida irrequieta.
Sorriu...e deixou escapar uma lágrima de felicidade.
Porra, que cena! Esta miúda ainda vai dar comigo em doido!
Mil coisas tinham-lhe passado pela cabeça, enquanto o duche dela corria e quando ela o beijou,
tão docemente, tão apaixonada...ao despedir-se.
Mas, preferiu ficar no silêncio...achou melhor...sabia como ela era.
Sabia esperar.
Sabia que podia esperar.
Sabia...porque ela...era dele!