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Fox-Time

Fox-Time

És uma Tretas!

27.05.20
 

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A pequena casa de campo encontrava-se isolada de tudo e todos.
Do relvado frente à sala, que abria sobre a mata de carvalhos, podia sentir o cheiro molhado da chuva noturna.
A manhã trazia um sol tímido que se limitava a espreitar pela bruma, deixando adivinhar que
a próxima estação tinha despontado.
Era já visível o início daquele que seria um manto de flores selvagens e por toda a parte pequenos ramos
de arvoredo sarapintavam-se de varicela primaveril.
Mais um mês, e todo aquele quadro estariam perfeitos.
Para o casal de esquilos, que dali avistava, saltitando e roendo, já tudo parecia perfeito.

Da sala chegava-lhe ainda o cheiro acolhedor da lareira, que acabara por se apagar durante a noite.
Era necessário reacendê-la, pensou.
Quando saíra do quarto para ir fazer café, ela dormia ainda, o seu corpo seminu sobre os lençóis.
Era uma visão que retinha a cada momento...

Os cabelos compridos, em desalinho sobre a almofada, cobriam-lhe parcialmente a cara
olhos serrados por uma cortina de pestanas, sob as sobrancelhas cuidadas,
nariz enterrado na almofada, lábios carnudos esboçando ainda o sorriso do prazer com que adormecera.
seios cheios e tenros, movimentando-se ao ritmo da respiração lenta, que não traíam a agitação por que tinham passado,
os mamilos cor de pêssego,que ao seu toque na véspera pareciam ganhar vida própria,repousavam agora diluídos na carne.

Uma ponta pudica do lençol que permanecia entre as suas pernas e lhe cobria o umbigo que sabia bem talhado,
deixava ver as ancas arredondadas e generosas que eram a parte visível das nádegas, as coxas,
que o tinham abraçado em brutais amplexos, repousavam agora emoldurando o lençol,

lençol que lhe escondia da vista o vale húmido onde tanto de si se tinha perdido durante a noite, ou, como ela gostava de dizer,
sentia que ele a preenchia.

Sim, dormia ainda, e ele não quisera acordá-la ao levantar-se para ir fazer o café.

Tinha acabado de encher uma caneca que fumegava e aquecia as mãos perdido nas recordações.
Foi então que ela apareceu, envergando apenas, sobre o corpo nu, uma casaco velho de algodão grosso,
quase desfeita no cós de tanto uso, que lhe pertencia e que guardava numa gaveta destinadas a roupa que trazia por ali.

Ficava-lhe bem.
Atrás tapava-lhe o rabo que, empinado, parecia querer mostrar-se, à frente, ligeiramente subida pelos seios que nunca antes albergara
ameaçava a qualquer momento descobrir o que, até há pouco, o lençol teimara em cobrir.


O cheiro a café, que tinha chegado ao quarto com aquele magnifico aroma quente, acordou-a.
Sorrateiramente, vestiu a primeira camisola que encontrou e dirigiu-se à cozinha com o sorriso
com que havia adormecido na noite anterior, ainda com o cheiro dele cravado no corpo e sobretudo na alma.

Encostou-se na ombreira da porta e deteve-se a ver aquele homem, cabelos cuidados,
tremendamente sedutor, definitivamente, a vida tinha sido generosa para com ele em certos aspectos,
conservava um certo ar de reguila, de rapaz sonhador.


Vê-lo ali de tronco nu, boxer negro, pele lisa e cheirosa, a preparar um café para eles,
era algo.... tremendamente belo...excitante.
O movimento com que o fazia, a maneira como se mexia, deixava perceber uma forma corporal dominada,
e por dentro daquele corpo...tinha que ser um homem bom, generoso, culto, elegante... pensou,
enquanto o apreciava e percebia o quão feliz era, por tê-lo para si, naquele momento.


Sem que desse por isso, ele avistou-a.
Ambos perceberam que o que tinham vivido naquela noite de amor e desejo não era um sonho, mas muito real.
Sorriram um para o outro, ela inebriada pelo cheiro do café que vinha da chávena que ele segurava,
ele fascinado pela beleza que aquela imagem carregava - um velho casaco de algodão seu a cobrir o corpo daquela mulher.


"Bom dia!"

"Bom dia minha estrela… dormiste bem?"

"Sim, muito bem… e tu?" - perguntou com um sorriso quase infantil e igualmente sensual nos lábios,
enquanto roçava uma perna ao de leve na outra e bocejava sedutoramente.


"Maravilhosamente bem, queres?" – mostrou-lhe a chávena que fumegava nas suas mãos.

Caminhou para ele, em bicos de pés, o que fazia subir o casaco, ligeiramente, deixando antever as ancas,
e ele quis, secretamente, que o mesmo encolhesse naquele momento… o chão estava gelado aliás como toda casa em si,
pegou-lhe na chávena, pousou-a em cima da mesa, olhou para ele,
ajeitou uma madeixa de cabelo e beijou-o meigamente nos lábios macios e delicados.


Com isto, afastou-se, caminhando lentamente até à janela do outro lado do quarto.
Abriu os cortinados.

"A manhã está linda!"

"Eu sei...vá, vem beber o teu café..."

"Agora não, fiquei com frio..."- soltou uma gargalhada marota "depois… bebemos depois..." - e virou-se de costas para ele.

Terminou o seu café.
Olhou-a.
Pousou a chávena. Sacana...esse teu sorrisinho...esse morder de lábio - pensou...


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