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Fox-Time

Fox-Time

Amas-me?

05.04.20

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Estavam abraçados, bem juntos, e beijavam-se apaixonadamente.

Ele parou e chegou-se para trás ligeiramente, fez uma pausa e depois no silêncio
cortado pelas respirações ofegantes, perguntou - “ Amas-me ?”


“Claro que não, porque quereria eu isso ?” disse ela, tentando ser engraçada.
Para ela, a resposta era obvia.


Ela tentou beija-lo novamente, mas ele não deixou.
Lembrou-se de como tinha cravado o nome dela naquele sobreiro
e de como se tinha sentido sozinho quando ela não fez o mesmo.


“ Amas-me ?” - perguntou ele outra vez, com mais firmeza.

E desta vez, ele parou para olha-la nos olhos.
Aí, ele encontrou todas as perguntas e respostas que ela escondia e tantas outras coisas que ela tinha medo de dizer.
Ele viu como ela o amava e como isso a deixava triste e insegura porque sabia que a vida não tinha sentido sem ele.
Ele viu como ela planeava cada gesto, cada palavra, para nunca o perder.
Ele viu como ela sorria e chorava e depois mordia a língua, ligeiramente, a pedir um compasso de espera,
para impedir as muitas perguntas que queria fazer e que o podiam magoar ou zangar.
O que ela mais queria era abraça-lo e ama-lo e ser amada por ele, saber que ele era sua,
dela para guardar para sempre, saber que ela era muita mais do que um corpo alguma vez pode oferecer,
muito mais do que uma cobiça carnal.

Ele estava a perder-se na escuridão daqueles olhos grandes e brilhantes tes.
Lembrou-se do papel amachucado, rasurado, com começos não terminados,
com gritos silenciados pela vivência do dia-a-dia e do que os rodeava.

Engoliu em seco, abafou o desejo de fazer nova pergunta.
Basta ! disse, para si mesmo, basta de estilhaços. Acredita !

Então, passou os dedos pelo cabelo dela e disse-lhe - “Amo-te mais do que a própria vida”.
E, beijou-lhe ao de leve enquanto limpava as lágrimas que devagarinho faziam o seu caminho para se aninharem
no meio de seios macios e quentes, rosados pelo amor ainda à pouco partilhado de forma tão ardente.

Puxou-a para ele e abraçou-a com força, com toda a força que o seu ser lha permitia.
Ele queria tanto dizer-lhe que estaria para sempre a seu lado, que ela poderia sempre contar com o seu amor, seu carinho, sua protecção.

Ele queria tanto...ser o seu “amor”.

A hora deles estava a acabar.
Ele tinha medo.
A vida tinha-lhe ensinado que o amor não era a resposta para tudo, por vezes nem a solução,
e até, em certos casos, pouco fidedigno.
Tinha fugido.
Escondera-se.
Mas agora...agora amava de novo.
Era bom, amar de novo.
Ela sofria com aquele amor.
Agora, ele, compreendia.


Ela não lhe tinha respondido e ele...não ia perguntar-lhe...outra vez.

Não.

Limitar-se-ia a amá-la...e esperar.

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