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Fox-Time

Fox-Time

Sobremesa Rendada

26.01.21

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Acordará cedo sem necessidade, o relógio dos trilhos fazendo das suas,

avesso a regras da nova ordem de viver, as de um confinamento imposto
que infligia danos mais profundos naqueles que há muito se habituaram
a comungar a sua vida com a natureza aos Domingos de manhã.

Espreguiçou-se lentamente, evitando perturbações entre os lençóis,
tentando manter o silêncio que enchia o quarto, onde apenas a respiração
dela conseguia ser escutado entre os escassos chilrear de alguns pássaros.
Virou-se de lado, puxando devagarinho, o edredon para se cobrir,
para a cobrir também, fazendo ponte entre eles, ficando o vale
que permitia olhar o corpo da mulher que dormia de costas voltas para ele.
O cabelo longo, volumoso e desordenado alcançava a sua almofada,
trazendo o cheiro dela, aroma doce, réstia do perfume embriagante
que usara na noite anterior.
As pernas ligeiramente flectidas embelezavam ainda mais as nádegas
e coxas bem torneadas, a curva das suas costas ganhando com isso
uma profundidade mais acentuada e sensual.

O final do jantar perdurava bem fresco na cabeça dele.
Tinha sido completamente surpreendido pela forma como ela o tinha levado a
abstrair-se de um momento aborrecido.
Afinal, ter a placa vitrocerâmica, de repente, deitando o quadro abaixo porque,
como ele depois rapidamente constatara, entrara em curto-circuito,
tinha sido uma merda!

Na verdade, após uma refeição saborosa elaborada pelos dois, 
quando já degustavam a sobremesa de chocolate regada de um 
Tapada das Lebres, tinto bem maduro, um som envolvente a tocar,
o apagão que acontecera depois de um estrondo bem audível,
deixara-o bem irritado.
Como era do seu feitio, lançara-se de imediato de ferramentas na mão para
averiguar o sucedido e não demorou em perceber qual a avaria e a
restabelecer a energia eléctrica na habitação.

E, foi quando a luz de tecto por cima dele se apagou,
ele ainda de cócoras e de roda da reinstalação o forno,
um "foda-se!" atirado ao ar, suspeitando do pior,
que deu de caras com ela...ou melhor...com ela de lingerie,
de lingerie preta, de toque bem feminino, rendada,
que no entanto, sobretudo na posição em que ele se encontrava,
denunciava algo marcante e ousado.
Faltava a peça intima...mais intima!

A gargalhada dela, denunciou o espanto dele.
"Bem..." - lá conseguiu dizer - "...estás bonita estás(!)"
Ajoelhou-se na passadeira antiderrapante, colocando as mãos nas pernas,
elevando o olhar, captando o brilho de sedução traquina que emanava,
feito cascata, dos olhos que o fitavam, rasgados e sedentos dele.

"Vá, deixa lá isso...há algo mais importante que precisa da tua atenção
imediata" - sorria-lhe, enquanto levava o copo de pé alto aos lábios carnudos
pintados de um vermelho bem escuro, quase negro.

"Estou a ver...Esse urgência vai obrigar a uma intervenção sem qualquer
adiamento ou contemplação de local...estás ciente disso?" - perguntou-lhe,
agora também ele sorria, totalmente rendido a pose erótica dela.

"Eu? Claro...acho até que deve ser sem mais demora!" - respondeu,
enquanto pousava o copo na bancada da kitchenette.
Descalçou os sapatos altos vermelhos e deu um passo em frente,
enterrando as mãos no cabelo dele,
enquadrando o seu sexo na sua boca,
soltando um gemido de ansiedade contida.
"Ai amor...anda...quero que me devores...já..."

Gostava do sabor dela, gostava ainda mais da sua entrega.
Apertou-lhe as nádegas e circundou com mestria o ponto carnudo
que já inchava, ávido de ser tocado.
Sabia como brincar com ele, conhecia as reacções aos estímulos
que provocava, era território desbravado por ele a algum tempo.
Depois, perante a mudança de compasso na respiração dela,
penetrou-a, os dedos indo de encontro ao lugar que nela abria
os portões do prazer desejado, daquele momento que a fazia quebrar,
dobrando-se, apoiando-se nele, soltando um grito de êxtase profunda.

A noite do apagão inesperado transformar-se por completo.
Tinha a conduzido à sua frente, pelos ombros, até ao quarto dele
e retirado a lingerie, peça por peça...soutien, meias, ligas.
Viu-a introduzir-se na cama de olhar húmido, ternurento, ainda expectante.
A noite de uma possível má noite...tinha afinal...sido muito boa.

Chegou-se a ela, aninhando-se à quentura daquele corpo de pele macia
que se entregara a ele sem tabus, sincero, apaixonado, carinhoso.
Enlaçou-a com o braço direito, a mão em concha envolvendo um seio,
nariz atrás da orelha, inalando a fragrância calorenta.

Era cedo para tornar-se hábito...para ela ficar.
Era demasiado cedo para ele ficar na casa dela...também.
Era cedo.
Mas...era bom.

"Ummm...Parece que há alguém que acordou animado..."- ouviu-a, rouca.
Moveu as ancas, recuando o rabo de encontro a ele,
sondando a vontade dele...em a ter.
Beijou-a na nuca, demoradamente.
"Quero-te..."- sussurrou-lhe, o desejo tomando conta dele...outra vez.

"Mas amor...Não ia-mos até à praia passear?"

Sorria, provocando-o.

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